Noticias

Image

Educação: o Alicerce Esquecido do Desenvolvimento Económico em Angola

Fala-se, com frequência, dos grandes objectivos económicos de Angola.

Queremos ser um país industrializado, autossuficiente, com uma economia diversificada e menos dependente do petróleo. Pretendemos estabilidade financeira, progresso tecnológico e relevância no palco económico internacional.

Mas há uma pergunta que raramente é feita com seriedade: 

Quem vai sustentar tudo isso?

A resposta é simples, mas frequentemente ignorada:

O capital humano.


Não há desenvolvimento sustentável sem educação

Angola tem necessidades estruturais urgentes — sim.

Precisamos de estradas, fábricas, investimentos, tecnologia. Mas nenhum desses elementos se ergue com consistência se o principal alicerce estiver comprometido: a educação.

É através da educação que se formam quadros competentes, líderes conscientes, técnicos capazes, cidadãos informados. 

Sem esse investimento de base, qualquer outro esforço económico será frágil, dependente e a curto prazo. Investir em escolas, professores, políticas curriculares modernas, educação tecnológica e programas de apoio às famílias não é uma opção — é uma obrigação estratégica.


Há avanços, mas é preciso ir além das estruturas!

Reconhecemos, com justiça, que o Executivo tem feito esforços visíveis para melhorar o sector da educação:

  • Construção de novas escolas, 
  • Alargamento da rede pública de ensino,
  • Promoção de programas de formação de professores.

Estes passos são positivos e devem ser valorizados.

Mas é fundamental que estas acções estejam alinhadas a um plano nacional mais profundo e coeso, com metas claras a médio e longo prazo.

A qualidade da educação, a inclusão efectiva, a valorização dos docentes e o acesso universal ao ensino continuam a ser desafios centrais. O Estado precisa de fazer do investimento no homem uma prioridade nacional. Os recursos naturais são importantes.
As infraestruturas são necessárias.
Mas o verdadeiro “petróleo” de uma nação é o seu povo educado, instruído, capaz de ler o mundo com pensamento crítico, e agir com competência.


O futuro pertence aos que investirem na educação
O futuro não será comandado pelos países com mais reservas minerais.
Será liderado por aqueles que mais investirem na formação das suas crianças e jovens. 

Educação para todos: do discurso à prática

A educação em Angola não pode continuar a ser privilégio de poucos.
É necessário criar uma visão nacional de educação integral, que passe por:
  • Escolas públicas com ensino de qualidade em todos os bairros, não somente nas zonas urbanas privilegiadas;
  • Horários escolares alargados, em que as crianças entram às 7h e saem às 16h ou 17h, com refeições asseguradas e actividades extracurriculares;
  • Formação contínua de professores, com salários dignos e condições para ensinar com paixão e rigor;
  • Programas de incentivo às famílias, que aliviem o fardo económico de educar uma criança;
  • Educação para o futuro, com tecnologia, empreendedorismo, cidadania, sustentabilidade e pensamento crítico desde cedo.

É agora ou nunca

Entendemos haver outras urgências.
Mas se não nos sacrificarmos agora para investir seriamente na educação, continuaremos a perpetuar um ciclo de pobreza intelectual, dependência económica e desigualdade social. Se não formarmos negociadores competentes, gestores visionários, engenheiros preparados, diplomatas estratégicos, programadores, professores, técnicos — Angola continuará em desvantagem na competição global.

A minha proposta é clara: Angola precisa de um pacto nacional pela educação.

Um movimento de união entre Estado, sociedade civil, empresas, igrejas, fundações e famílias. Um compromisso transversal com o futuro — e o futuro começa sempre pelas crianças. A geração que ainda não nasceu precisa de encontrar uma Angola com:

  • Escolas funcionais,
  • Ensino de qualidade,
  • Um sistema que forma cidadãos e não somente sobreviventes.

Porque quem constrói escolas hoje, economiza em prisões e hospitais amanhã. E quem educa o seu povo, liberta o seu país.


Zacarias Santiago Kinkela

Empreendedor, Comunicador, Fundador do Fórum de Tecnologia e Educação
Por uma Angola que cresce justamente, estruturada e duradoura.

Assistente FeiraTech
Pergunte algo sobre a feira e eu ajudarei!